De Terra do Camarão a Terra da Carnificina
- Michell Fernandes
- 22 de jan. de 2017
- 4 min de leitura
Ultimamente o resultado da busca por Nísia Floresta feita no site do google não esta sendo muito agradável aos olhos de ninguém.

Nossa cidade é dotada de pontos históricos e belas paisagens que vão desde a histórica Igreja Matriz Nossa Senhora do Ó, da Estação de Papari, de lagoas, até praias paradisíacas que enchem os olhos de quem vem visitar. Juntas, nos deixam em um ranking de uma das áreas mais bonitas do RN em termos de pontos culturais e turísticos, más, não é bem isso que esta sendo lapidado na história de Nísia Floresta.


Uma cidade antes conhecida como a Terra do Camarão, rica em belezas naturais e com patrimônios culturais reconhecidos nacionalmente, atualmente não tem mais essa fama e o que é pior, temos a impressão que estão tentando destruir nossa imagem positiva. Más, porque será que estamos passando por isso? Para responder tal questão, precisamos ao menos olhar para a gestão de nossa cidade ao longo de anos, inclusive, quando começaram a surgir os rumores da construção de uma cadeia pública por aqui.

Recentemente, Nísia Floresta esta sendo reconhecida internacionalmente por abrigar uma das piores penitenciárias do Brasil, onde a menos de dez dias, houve a pior carnificina já ocorrida dentro do RN, diga-se de passagem, aqui em nossa cidade, o que é uma vergonha para todos. Para piorar ainda mais, existe um suposto vídeo de presos, onde os mesmos deixam claro na exibição, a intenção de canibalismo com pedaços de carne humana sendo posta ao fogo feito por eles. A história desse presídio envolve muitas mortes e fugas que ao longo de anos em funcionamento, vem aterrorizando os moradores locais, acabando com a paz e tranquilidade de um lugar que um dia, já foi possível dormir literalmente de portas abertas, pois, não tinha nenhum temor acerca de crimes. Este caldeirão do diabo vem desde o seu primeiro dia de funcionamento, aniquilando uma das nossas ainda não tão bem exploradas, fonte de renda, que é o turismo, pois, quando se fala em Nísia nos dias de hoje, o que vem em seguida é a maldita Penitenciária de Alcaçuz.

Inaugurado em 1998, depois de muitas tramitações e provavelmente acordões políticos nos anos anteriores, o Presídio Estadual Dr. Francisco Nogueira Fernandes, vulgarmente denominado de Penitenciária Estadual de Alcaçuz – PEA veio para dentro de nossa linda cidade de Nísia Floresta em meio a articulações políticas entre governo federal, estadual, municipal e até mesmo líderes de associação da localidade. Más tal processo se deu de forma mais intensa nos anos que se seguiram as tramitações, e claro, os gestores que comandaram Nísia durante esse período (1988/1998), o que já não era surpresa, não foram totalmente contra e o projeto continuou seguindo adiante, onde, passou sob os olhos famintos do então Prefeito na época Almir da Silva Leite e do Governador do Estado Geraldo Melo, que aliás, esses dias andou criticando a atual postura das autoridades em redes sociais. Se observarmos o teor do post e fizermos uma comparação aos dias em que foi gestor do RN, não o diferencia muito do perfil atual quando no comando do RN na época.

Seguindo mais adiante em outras gestões como a de George Ney Ferreira e do governador do estado Garibaldi Alves Filho, o presídio chegou às terras de Nísia Floresta como alternativa para amenizar o sistema carcerário do RN, porém, se tornou uma das maiores dores de cabeças dos governos que seguiram com o funcionamento dele.

A construção do presídio é fruto de um trabalho final de duas alunas do curso de Arquitetura da UFRN em meados de 1988, onde, Lavínia Negreiros e Rosanne Azevedo de Albuquerque apresentaram uma monografia com a planta de um presídio como parte de um trabalho final do curso. As mesmas realizarão uma vasta pesquisa para se chegar ao projeto final, bem como, sua localização adequada a planta elaborada.
A unidade seria construída em Macaíba, em um terreno privado que as duas encontraram naquele município. Segundo uma das alunas pesquisadora: “Macaíba naquela época era uma cidade em desenvolvimento, mas que já tinha uma estrutura de transporte que facilitaria o acesso dos familiares”. Já o piso da penitenciaria não foi projetado da mesma maneira da execução, pois, de acordo com Rosanne Albuquerque, o chão deveria ter uma camada espessa de concreto, depois outra de grades de ferro e mais uma de concreto.

Ainda segundo uma das estudantes pesquisadoras da época, Rosanne Albuquerque lembra que o Governo analisou outros projetos e acabou escolhendo o que ela desenvolveu com Lavínia Negreiros. Porém, dez anos depois dos processos previstos para a realização da obra, o presídio não foi construído como deveria. Sua primeira mudança foi o terreno, tendo em vista, o governo dispor da área onde hoje esta o presídio, o que evitaria gerar gastos desnecessários com aquisição de terreno, já que a lei obrigava a construção de presídios em áreas de propriedade do governo. Segundo Rosanne Albuquerque, o projeto acabou não sendo executado como deveria.
Fontes:
http://www.mp.rn.gov.br/controle/file/acp.pdf
http://novojornal.jor.br/policia/relembre-materia-do-novo-que-detalhou-historia-da-penitenciaria-de-alcacuz
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_governadores_do_Rio_Grande_do_Norte
http://www.nisiadigital.com.br/2012/06/dezesseis-prefeitos-para-139-anos.html
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:zBRp0PjAGtEJ:portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp%3FfileId%3D8A8182A24F0A728E014F0AEB9FB209ED+&cd=6&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
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